A Mentira em Nós
Rui Perdigão ©
Adaptação de objecto kitsch moldado. (2002)
Adaptation of kitsch shaped object . (2002)
Desde a primeira exposição individual em 1984, os passos têm sido marcados por períodos de grande intensidade produtiva e também por tempos de extrema apatia e indiferença. As opções técnicas, bem como o desenho, assentam na necessidade de criar objectos activos, que transportem, de alguma maneira, uma ideia ou uma mensagem. Evitei o os esbatimentos de cor, na maior parte das vezes, trabalhando num único plano. Também, regularmente, as formas apresentam o claro e o escuro bem vincados, as imagens, na sua maior parte, são limitadas por contornos fortes. No essencial, os objectos são gráficos, muito embora recorra a técnicas de pintura. Nunca houve a preocupação de sustentar um estilo. A versatilidade também pode ser uma forma de identidade, porque, mal ou bem, sobra sempre uma marca individual. Daí tantas fases diferentes, por vezes nos antípodas, ao ponto de parecer que tudo foi engendrado por diversas pessoas, sem recorrer a heterónimos ou pseudónimos. Há, porém, linhas condutoras de pensamento, que evidenciam traços de ligação. Para além da curiosidade que me desperta tudo o que é hermético, mantive sempre a dúvida sobre a existência de entidades abstractas, que nos permitem intuir sobre o Todo, rejeitando a possibilidade da pessoa humana ser completamente incrédula. Encarei, por norma, o plano do palpável e do concreto como a expressão mais fácil e sintoma de limitação no pensar, no sentir e no ser.
Enche-me de vontade descobrir a Mentira em Nós, para a reconstruir, tão bem quanto possível, de modo a dar crédito à ideia de que os simulacros da verdade são realidades quando se soltam dos nossos mundos pessoais, particularmente nos objectos das Artes. Esta Mentira, o Nada de Fernando Pessoa, poderá eventualmente ter a ver com a possibilidade de tudo não passar de um Sonho, que se torna realidade depois de realizado, tal como a mais incrível obra de arte. Espantam-me os Acasos, as coincidências, o “ dejá vu “ que nos confunde, como se em simultâneo se desenrolasse um outro filme, tão enigmático, com uma lógica capaz de dar sentido às coisas mais inconcebíveis, a desafiar a capacidade de atenção e de raciocínio.
Etiquetas: Introdução
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